Por Sergio Costa.
Farei uma
breve análise comparativa das instâncias psíquicas que se relacionam entre
si, estabelecendo, portanto, as características fundamentais relacionadas ao
luto e a melancolia num processo de perda diante do objeto amado. Entendemos
como luto a elaboração do ego frente a uma perda real; ou seja, o teste da
realidade que provará a ausência do objeto amado, passando a exigir que toda
a libido seja retirada de suas pulsões originárias. O ego precisará fazer um
desinvestimento libidinal e, paulatinamente, apagar as lembranças do objeto
amado, sem antes percorrer o processo de sofrimento inerente à existência
humana.
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A dor terá que ser
digerida aos poucos para que possivelmente toda a energia catexial seja
desintegrada do seu self e reinvestida em outros objetos. O conflito entre a
realidade e as lembranças, será de fato inexorável, todavia, necessário à
elaboração da perda. Entende-se por luto não apenas eventos dolorosos
relativos à morte. Luto seria todo o processo de separação dolorosa entre o
sujeito e o objeto idealizado.Contextualizando luto e melancolia, em que a
melancolia pode ser definida como depressão, gostaria de salientar que no luto
não há identificação ao objeto perdido. A melancolia (Depressão) constitui-se
por meio do seu auto-envilecimento, ou seja, a autopunição do ego frente ao
objeto amado. Inicialmente, a culpa e o ódio estão direcionados ao objeto
perdido, porém, ao perceber que o objeto amado é inexistente, passa a
introjetar as respectivas libidos destrutivas. (Na depressão, o amor e
ódio estão concomitantemente relacionados).
O ego sente-se extremamente culpado pelo ocorrido
diante das pressões do gerador de culpa. Na depressão, o ego identifica-se como
o objeto perdido por conta das pressões punitivas do ideal do ego.
Estabelece-se uma relação cordial entre o ego e o ideal do ego. O ego tenta
provar ao ideal do ego que o objeto não foi perdido, afirmando-se como o
próprio objeto. O ego acaba identificando-se com o objeto perdido por não mais
suportar as pressões do ideal do ego que lhe impinge culpa pelo acontecimento.
Não obstante, ao perceber que o ego está sob seu domínio, exige que o mesmo seja
desintegrado e fadado ao destino do objeto amado: a morte. Ao recusar-se à
morte, o ego acumula energia e passa a enfrentar as punições severas do ideal
do ego e, doravante, entra em estado de elação (exaltação) por não mais tolerar
o seu próprio definhamento. Entrementes, a altivez do ego torna-se passageira
frente à irredutibilidade do ideal do ego que o pressiona diante da
identificação por ele (Ego) anteriormente afirmada. Identificação: torna-se
igual a (…). Em linhas gerais, concluo pontuando o conflito cujo ego estará
“eternamente” fadado.
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