segunda-feira, 3 de junho de 2013

Luto e Melancolia


Por Sergio Costa.
Farei uma breve análise comparativa das instâncias psíquicas que se relacionam entre si, estabelecendo, portanto, as características fundamentais relacionadas ao luto e a melancolia num processo de perda diante do objeto amado. Entendemos como luto a elaboração do ego frente a uma perda real; ou seja, o teste da realidade que provará a ausência do objeto amado, passando a exigir que toda a libido seja retirada de suas pulsões originárias. O ego precisará fazer um desinvestimento libidinal e, paulatinamente, apagar as lembranças do objeto amado, sem antes percorrer o processo de sofrimento inerente à existência humana.
 A dor terá que ser digerida aos poucos para que possivelmente toda a energia catexial seja desintegrada do seu self e reinvestida em outros objetos. O conflito entre a realidade e as lembranças, será de fato inexorável, todavia, necessário à elaboração da perda.  Entende-se por luto não apenas eventos dolorosos relativos à morte. Luto seria todo o processo de separação dolorosa entre o sujeito e o objeto idealizado.Contextualizando luto e melancolia, em que a melancolia pode ser definida como depressão, gostaria de salientar que no luto não há identificação ao objeto perdido. A melancolia (Depressão) constitui-se por meio do seu auto-envilecimento, ou seja, a autopunição do ego frente ao objeto amado. Inicialmente, a culpa e o ódio estão direcionados ao objeto perdido, porém, ao perceber que o objeto amado é inexistente, passa a introjetar as respectivas  libidos destrutivas. (Na depressão, o amor e ódio estão concomitantemente relacionados). 
 O ego sente-se extremamente culpado pelo ocorrido diante das pressões do gerador de culpa. Na depressão, o ego identifica-se como o objeto perdido por conta das pressões punitivas do ideal do ego. Estabelece-se uma relação cordial entre o ego e o ideal do ego. O ego tenta provar ao ideal do ego que o objeto não foi perdido, afirmando-se como o próprio objeto. O ego acaba identificando-se com o objeto perdido por não mais suportar as pressões do ideal do ego que lhe impinge culpa pelo acontecimento. Não obstante, ao perceber que o ego está sob seu domínio, exige que o mesmo seja desintegrado e fadado ao destino do objeto amado: a morte. Ao recusar-se à morte, o ego acumula energia e passa a enfrentar as punições severas do ideal do ego e, doravante, entra em estado de elação (exaltação) por não mais tolerar o seu próprio definhamento. Entrementes, a altivez do ego torna-se passageira frente à irredutibilidade do ideal do ego que o pressiona diante da identificação por ele (Ego) anteriormente afirmada. Identificação: torna-se igual a (…). Em linhas gerais, concluo pontuando o conflito cujo ego estará “eternamente” fadado.


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